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Vila do Bispo

Descrição

Identificada por alguns autores como o local da então célebre Igreja dos Corvos, mencionada por cronistas árabes, Vila do Bispo teve origem numa povoação que, no início do séc. XVI, foi legada à Sé do Algarve. Foi elevada a vila em 1633. Sofreu grandes estragos com o terramoto de 1755.

A ocupação humana da região remonta ao neolítico e, a fazer fé em algumas jazidas de superfície, pode datar do período paleolítico. O elevado número de menires - isolados, em grupos ou em cromeleques - é um dos mais importantes vestígios do passado no concelho de Vila do Bispo.

Uma das Finisterras, o Cabo de S. Vicente desde sempre esteve associado a práticas religiosas, pagãs, islâmicas ou cristãs. A importância religiosa do Cabo afirmou-se sobretudo na Idade Média, com as peregrinações que se realizavam, mesmo durante o período árabe, ao túmulo de S. Vicente.

Onde a Terra acaba

A posição do Cabo de S. Vicente como local de culto desde o Neolítico é comprovada pela existência de importantes núcleos de menires e o relato, por autores gregos (séc. IV a.C.), de cerimónias religiosas envolvendo libações e da proibição da presença de seres humanos durante a noite, dado ser frequentado por desuses. No período em que os fenícios tiveram feitorias no Algarve, tem-se como certa a existência de um santuário dedicado às divindades solares de Hercules-Melcart, enquanto em Sagres existia um outro sob a invocação de Cronos-Saturno-Baal.

Para os romanos, toda área fazia parte do Promontorium Sacrum (de onde derivou o nome de Sagres), ponto extremo do ocidente, onde o Sol, no seu ocaso, fazia ferver as águas do Oceano.

A trasladação, após a invasão árabe, do corpo de S. Vicente para o cabo que recebeu o seu nome, tornou-o local de peregrinação durante séculos. As relíquias foram, em 1173, mandadas transportar por D. Afonso Henriques, para Lisboa.

Local de passagem obrigatória dos navios em direcção ao Mediterrâneo, o Cabo de S. Vicente foi palco de importantes batalhas navais. O corsário inglês Sir Francis Drake (ca.1540-1596) atacou e saqueou a fortaleza de Sagres em 1587, depois de destruir parte da armada espanhola fundeada no porto de Cádiz.Em 1693, o almirante francês Tourville derrotou uma esquadra anglo-holandesa ao largo do Cabo. Uma armada espanhola sofreu igual sorte, em 1870, frente ao almirante inglês Rodney. Nelson e Jarvis derrotaram outra armada espanhola , em 1797. A esquadra ao serviço do rei absolutista D. Miguel foi capturada em 1833, pela armada liberal hasteando a bandeira da sua sobrinha, a rainha D. Maria II.

A Fortaleza do Cabo de S. Vicente é uma construção do séc. XVI, com reedificações nos sécs. XVII e XVIII. Armas de D. João II na porta principal. No seu interior, o antigo convento dos frades Jerónimos, fundado no séc. XVI, e uma capela, com origem no séc. XIV, construída sobre o local onde a tradição indica ter sido a sepultura de S. Vicente.

O curioso farol no extremo do Cabo é uma versão actualizada daquele que, em 1515, o bispo do Algarve D. Fernando Coutinho mandou erguer para a segurança da navegação.

Vila do Bispo e, sobretudo Sagres, ficaram associadas aos Descobrimentos e ao Infante D. Henrique.

A Raposeira, uma das freguesias a leste de sede de concelho, terá sido um dos locais de habitação do Infante. A tradição atribui-lhe uma casa, hoje descaracterizada, de que se identificou apenas o lintel de um portal do séc. XVI.

O Infante D. Henrique viria a falecer em Sagres, onde se recolhia regularmente, a 13 de Novembro de 1460.

Igreja do Corvo

A partir de Sevilha e Niebla (em Espanha), além de uma concorrida via marítima de cabotagem, uma longa estrada percorria toda a costa algarvia através de Cacela, Tavira, Santa Maria de Faro e Silves, terminando no extremo ocidental onde se situava o célebre e antigo centro de peregrinação da Igreja do Corvo. Este santuário moçárabe não estava situado sobre as inóspitas falésias do promontório de S. Vicente, no local onde muito mais tarde viria a ser erguido o farol, e sim a alguns quilómetros mais para o interior. O sempre cuidadoso al-Idrisi refere claramente que do Cabo de São Vicente - Taraf al-Urf - à Igreja do Corvo - Kanisat al-Gurab - distam sete milhas, ou seja, os treze quilómetros que hoje o separam de Vila do Bispo ou, sobretudo, da Raposeira. Seria nesta zona mais abrigada, onde vicejam frutas e legumes, que os monges atendiam os peregrinos e guardavam os seus tesouros.

Descrição da Igreja do Corvo segundo al-Idrisi, geógrafo siciliano so século XII:

"De Silves a Halq az-Zawiya (Lagos?) porto e aldeia, são vinte milhas. Daí a Sagres, aldeia à beira-mar, são dezoito milhas. Daí ao Cabo de Algarve (Cabo de S. Vicente), que avança pelo Oceano, são dezoito milhas. Daí à Igreja do Corvo (algures entre Vila do Bispo e Raposeira) são sete milhas. Esta igreja não experimentou mudança alguma desde a época da dominação cristã. Possui terras, que os crentes têm o hábito de doar, e riquezas trazidas pelos cristãos que ali se deslocam em peregrinação. Está situada num promontório que avança pelo Mar dentro. Sobre a cumeeira do edifício estão dez corvos, cuja ausência nunca ninguém pode constatar. Os padres que servem a Igreja contam destes corvos coisas maravilhosas, mas não se acreditaria em quem as repetisse. De resto, é impossível passar por lá sem tomar parte na refeição hospitaleira que a igreja oferece. É uma obrigação, um uso a que nunca se falta e ao qual se conformam por ser antigo, transmitido de idade em idade e consagrado por uma longa prática.

A igreja é servida por padres e religiosos. Possui grandes tesouros e receitas muito consideráveis, provenientes sobretudo das terras que lhe foram legadas nas diferentes partes do Gharb. Estas riquezas são empregues nas necessidades do templo, nas dos seus servidores, nas de todos os que lhe estão de alguma forma ligados e nas dos que, em pequeno ou grande número, aqui vêm de visita", al-Idrisi, Descripcion de L'Afrique et de Espagne.

Cláudio Torres, in Terras da Moura Encantada-Arte Islâmica em Portugal, Ed. Civilização, 1999

Link: http://www.cm-viladobispo.pt

 

   


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